Eu não sei
exatamente como sou. A cada dia eu me descubro um pouco e me surpreendo – para
o bem ou para o mal. Sou absurdamente humana, taxada como animal racional: eu
penso, eu falo, a linguagem me move. Sou filha, ainda não sou mãe, sou
namorada, amiga, ex-amiga, sobrinha e neta. Estudante, estagiária, responsável,
morena, baixa, irresponsável, inconstante, namorada, mal humorada e engraçada.
Não sei qual a
parte de mim você conhece e talvez não conheça nenhuma. É como se vestisse uma
saia longa e para cada um eu encurto ou alongo o pano florido. Não sei sair por
aí mostrando minhas pernas e andar para todo mundo, não me mostro por inteira
nem para mim. É um eterno renascimento. Diversas personalidades, diversas opiniões.
Somos
diferentes, eu sei, você sabe. Sabemos, mas ainda assim me assusto. Ainda
sentada na mesa do bar com minha mente mais livre das algemas do que não pode
ser dito, eu fico com cara de pamonha e descubro que verdades essenciais para
mim não são absolutas, que a base dos meus valores são balançados por goles de
cerveja e eu perco o fôlego. Perco minha
bússola mental, perco um pouco de mim, ganho um pouco dos outros e renasce ali,
imediatamente uma pessoa assustada. Embasbacada pelas frases. Ser bobo e ser
esperto são coisas misturadas e envolvidas, mesclados e destruídos. O bobo e o
esperto podem ser facilmente vistos como idiotas.
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