quinta-feira, 12 de abril de 2012

Da falta para o estrago



Eu deveria abrir meus olhos, eu deveria acordar, eu deveria ser de novo. Abri a janela, banhei-me com a água do mar, deixei que o sol iluminasse a minha pele, mergulhei na água da piscina, bebi, procurando algum tipo de purificação. E nada. Pensei em pular de paraquedas, quem sabe assim teria um contato maior com o céu, com as nuvens, com aquele azul que parece infinito. E ainda assim, resolveria?

Antes dei o nome de A Falta Que A Falta Faz.  Porque desesperadamente faltava e faltava também quando não havia falta. Afinal, eu sempre quero mais. Sempre, sem exceção alguma. Tenho horror ao pouco, mas falo de sentimentos, pois não sou miserável quando o assunto é doar-se em algo que posso viver. Antes, tinha a falta como um estado de vida. Uma condição. Antes, a falta trazia até a esperança, pois quando conseguisse cessar a falta, tudo estaria no seu devido lugar e então as portas para a felicidade estariam abertas. Como em uma mágica, como em uma receita.

Depois a falta ou até mesmo a falta que a falta fazia, começou a incomodar. Uma falta de respeito, o sintoma mais claro e óbvio que poderia apresentar ao mundo. Eu mesma, me impor a todo tempo que faltava. Falta o quê? Despertei. Que não falte mais.

Apareceu então O Estrago. Depois que percebi a falta, entendi o estrago tão constante em minha vida. Estrago que vem me acompanhando de mãos dadas e sorriso safado no rosto. E você pode perguntar: Mas o estrago não lhe causa mal assim como a falta? E eu respondo: Causa.

Acontece que na falta sentia-me presa a algo que nem poderia vir a existir e no estrago sinto a liberdade de poder viver, errar, acertar, tentar e ser. Corro o risco. A falta parecia reprimir e o estrago, parece permitir lambuzar e borrar. Que eu use até que estrague. Mesmo que seja apenas uma vez. Porque depois que perdi a falta não sei mais viver do pouco e quero o estrago, quero a entrega. Já que perdi, deixo que me perca, quem sabe assim um dia acho o que ainda não sei que ando procurando. 

Um comentário:

Vito disse...

então que o estrago nunca deixe de nos fazer falta

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