sábado, 26 de novembro de 2011

Quantas vezes



Já perdi as contas de quantas vezes eu perdi o ar. Já não sei mais quantas vezes perdi a fala e os meus passos. Quantas vezes eu tive que mudar meu caminho? E já não posso mais contar nos meus poucos dedos, as vezes que deixei a minha razão calada. Vai coração, fala. Quero ouvir. Vai coração, não me deixe sozinha desta vez. Não sei mais dizer os momentos em que preferi guardar as palavras, daquele jeito bobo que fazemos, como quem guarda segredos dentro dos bolsos do jeans apertado.  Não recordo mais as vezes que optei por esquecer ou pelo menos tentar esquecer. E o número de vezes que desisti por mim e pelo outro, eu quero apagar, pior do que ter que fazer uma escolha, é quando as opções são escassas e então só sobram os caminhos mais escuros e desconfortáveis.

Já tive muito nessa vida que engolir o choro porque chorar na frente do outro pode ser feio, já borrei muita maquiagem e como quem tenta escutar atrás da porta, eu procurei motivos, razões, eu entendei entender as entrelinhas. Eu falhei. Eu errei. Eu fechei os meus olhos e fingi que a verdade não estava ali me cutucando com algum objeto de ponta fina. Verdade cruel, verdade certeira fantasiada de absoluta. Verdade que dói, alfineta. Verdade. Palavra bonita que se esconde nos nossos sonhos feios.

Já não sei de cor o número de vezes que confundi. O número de vezes que cantei esperando que tudo ficasse melhor. Eu já não me lembro mais das muitas vezes que a decepção bateu na minha porta, das vezes que a ilusão apareceu e tirou todo o pouco do sossego e da minha paz. As vezes que meu sorriso se foi por uma palavra ou uma frase. Eu já não sei mais. Não sei mais quantas vezes deixei de fazer o que quis, deixei meu conforto e perdi minha voz.

Eu já não conto mais. Como se fosse alguém que não se importasse, como se fosse natural perder um pouco do que se é e do que se sente. Já não quero mais. Fico no meu silêncio. Vou devagar nos meus pensamentos e peço para que meus pés tenham aprendido a lição. Cuidado onde pisa, nem toda estrada serve de chão.

4 comentários:

Anônimo disse...

relaxa... no fim, a gente age que nem um gamba, e canta loucamente gritando voltando pra casa....


vc sabe que to com vc... pra te acompanhar! e olha q eu nem preciso de assinar pra vc saber quem eh!
=)

MissUniversoPróprio disse...

E, nas tuas linhas, se traduz tudo o que sinto. Mas ainda falta muito para que eu consiga não contar mais. Para que eu siga em silêncio, como se não me importasse. Falta muito para que meus pés aprendam a lição.

Dói. Diariamente.

Geovana Santos disse...

Assino em baixo do anônimo do gambá.

To com vc... Pra caso de passos falsos, a gente te segura se vc cair.

E vai passar! =]

Luna Sanchez disse...

Eu precisava aprender o inverso, acho, a calar.

Um beijo, Nara.

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