quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Por uma direção




Meu horário de trabalho termina às seis horas da tarde (ou noite?). Eu saio voando para o elevador – que tem dia que faz hora com a minha cara e demora demora – e dou boa noite para o Reginaldo, o porteiro que sempre me deseja bom descanso. Ando uns quinze minutos até a estação de metrô, onde todo mundo anda muito rápido e se empurra para conseguir chegar em casa. O espaço é pequeno e eu também, seguro a mochila na mão e quem está ao meu redor consegue me apoiar para que eu não caia, afinal, espaço para segurar é artigo de luxo no metrô das seis, só perdendo para quem tem a sorte de ir sentado.

Por sorte (?) desço duas estações depois, mas ainda assim, fico preocupada com a minha respiração, a falta de ar e a quantidade de gente colada uma na outra. Penso como quem precisa descer vai fazer para chegar até a porta e como quem está tão cansado quanto eu vai fazer para conseguir entrar, mas não consigo me acostumar com a situação. Ainda sinto um desanimo enorme ao pensar em enfrentar ao metrô. Parece que não faz sentido, tem dia que nada parecer ter sentido algum. Esse desespero, essa pressa, essa falta de espaço: dá vontade de jogar tudo para o alto.

Tenho me questionado o que vale e o que não vale rugas de preocupação ou espaço na minha vida. Penso o que faz diferença, penso o que me acrescenta, o que presta e o que já passou da validade. Quero voltar a minha atenção para quem me quer bem. Não quero mais essas desconfianças, fofocas ou dores de cabeça. Eu não importo de pegar o metrô lotado se existir alguém que compreenderá quando eu chegar em casa o quanto estou cansada,  que possa me perguntar como foi o meu dia e que a gente possa trocar informações sobre a correria do nosso dia a dia. O que eu quero é um abraço depois de um banho quente.

É que meu analista disse que eu não preciso me culpar tanto e minha melhor amiga disse que eu não sei me perdoar. Há quem diga que eu precise me posicionar, e eu realmente gostaria de saber se é mais para a direita ou esquerda porque assim eu estou ficando tonta. E eu acho do fundo do meu coração que todos vocês tem toda a razão, o que eu não sei é o que devo fazer. Pelo menos no metrô eu simplesmente sou empurrada para dentro, sem falar, mal conseguindo respirar e quando preciso sair, eu peço licença educadamente. Dessa vez eu não sei sair educadamente, eu apenas faria escândalos. Pergunto a opinião de quem está por perto, peço o olhar de alguém que pareça ser um pouco sensato, seguro a mão de quem amo e ouço conversa de quem não preciso. Eu tento escutar atrás da porta e olhar pelo buraco da fechadura.


Um comentário:

Penélope disse...

Saber se perdoar antes de perdoar qualquer pessoa é o princípio de tudo e livrar-se das culpas é um grande remédio...
Abraços

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