Eu tenho os meus
conceitos já formados em meu pequeno e bagunçado mundo e você deve ter nesses
bolsos furados os seus. Trancamos nossas portas, você vive pra lá e eu vivo pra
cá, continuo viva e você também. Eu sei da existência dos milhares de
julgamentos e preconceitos estúpidos que insistem em apontar na minha cara
redonda o dedo indicador, como quem diz com prioridade: Comigo o buraco é mais
embaixo. E eu percebi que seu buraco é mesmo mais embaixo, é na barriga, no
umbigo, no centro do seu mundo.
Eu gostaria que
você compreendesse mais o que aconteceu comigo. Eu sei que em muitas vezes você
me deu a mão e eu até pedi os dois pés para poder me apoiar, sei o quanto éramos
cúmplices e as risadas foram as mais sinceras possíveis, mas será que agora
você poderia parar de me encarar com esses olhos de gato pronto para dar um
pulo? Você poderia me olhar de humana para humana, que comete erros e comete
mais um para completar a burrice? Não acho que errei quando tomei minha decisão e
não quero que passe a mão na minha cabeça ou diga que a culpa foi toda sua. O
que eu quero é amizade, entende? Acho que não fizemos nada melhor do que isso. Não
que eu queira negligenciar meus atos, mas com certeza eu gostaria de esquecer o
momento em que lhe dei as costas.
As coisas
começaram para mim de maneira conturbada, eu sei você nem quis saber. É de se
ficar com um pé atrás quando alguns dizem para abrir os olhos, eu me assusto penso
duas, três, quatro vezes e tenho medo. Armada e cheia de dúvidas. Acontece que
eu até tenho uma sorte muito da estranha e havia alguém comigo, mais do que um
anjo da guarda. E desta vez eu quis correr os riscos, eu quis seguir em frente
mesmo com todas as torcidas para que desse errado. Vai ver meu santo é mais
forte. Tudo isso para ser (mais) feliz – e eu estou.
Talvez seja só isso: a felicidade incomoda. Não
apenas a mim, mas aos outros também. Dá câimbra no coração, nas mãos, nos pés,
nos olhos. Vive com a alma cheia e sorriso na cara, mas nas horas vagas procura
a auto sabotagem a fim de estragar algo e depois dizer que a vida é assim
mesmo.
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