Talvez eu tenha
esquecido um pouco o que é o amor. Não que antes eu soubesse definir com todas
as letras, frases ou palavras difíceis, mas em sentir eu sempre fui melhor. Nunca o barrei, não precisei
fingir a existência e sou exagerada demais para oprimir o que ele insiste
em me dizer.
Passei algum
tempo sozinha ou apenas tentando aprender a ser sozinha. Não a completa
solidão, não aquela solidão que invade a alma, afasta os amigos e só te resta
comer miojo sexta a noite brincando de trocar os canais da TV. Não conseguiria.
Prefiro sair, conversar e beber. O que eu tentei foi aprender
a gostar de mim sem ter alguém dizendo que também gosta. Eu tentei acordar e
não pensar em ninguém, mas pensar em mim e em como seria o meu dia. Tentei esvaziar, preocupar-me com outras coisas.
Viajei, conheci muita gente, fiz muitos amigos, tive noites inesquecíveis e
como diz a música, “Eu sei bem mais do
que antes sobre mãos, bocas e perfumes”.
Eu não sei se
consegui. Creio que não. Eu sei que queria muito não ser mais sozinha, talvez
eu não sirva para isso, pois minha vida sempre tem um gosto melhor quando tenho
alguém para dividir comigo. Acho doce, a paixão faz com que minha vida tenha
mais cor e deixa meus pensamentos mais leves, sinto pulsar vida, sinto ter
muito tempo pela frente, sinto motivos a mais, vontades maiores, o frio na
barriga, a saudade. Sinto o amor chegando sem pedir permissão e sinto sim que “o mundo é bom, Sebastião”.
Não é
quebra-cabeça, mas vai encaixando aos meus dias, vai ganhando forma, imagem e
tomando espaço. É incontrolável. É como não ter freio. É um querer não estar
sozinha nunca mais, pois parece não existir companhia melhor, cumplicidade
maior. É rir das mesmas coisas, brincar com o corpo. Tenho a vontade de fazer
parte do mundo de alguém.
E se no meu
momento de ser sozinha aprendi com a solidão, agora tenho que aprender a viver
a dois. O que parece ser mais fácil pelo meu gosto pela paixão e simpatia pelo
amor, mas não digo que é. Quem entende o coração? E não digo que devo separar a
solidão do a dois como se fossem distintos e opostos, é preciso saber ser os
dois e combinar como se mistura as cores. É importante saber que ainda se é um,
é importante saber ser um quando se está a dois, é importante ser dois quando
se é um. É uma luta sem
regras e a mim foi ensinado que o amor é
a lei. E não adianta treinar golpes ou socos, não há roteiro. A maior arma
é ter os movimentos espontâneos, sensíveis, ouvir bem e ter o dom da expressão.
O toque é fundamental, assim como ter o coração aberto.
O que quero
agora é o sossego do ombro, a delicadeza de quem amo e o afago no cabelo. O
sentimento é de segurança e proteção. Felicidade. Quero estar junto agora e depois,
porque meu sorriso é bonito quando ele diz e gosto de decorar cada gesto que só
ele tem. Não ser mais sozinha. Que ele tenha mais espaço cada dia mais em mim,
que faça de mim sua casa e abrigo, que nossos corpos juntos possa ser uma
fortaleza.
3 comentários:
Lindinha! Como você escreve bem! Acho fantástico a sua maneira de despir a alma e pô-la em palavras. Lindo ver você amadurecer assim. Força e fé! A vida é bela! Beijos
Definitivamente, me acomodei. Não sei mais o que é estar com alguém. Triste.
Sem querer, descobri seu site.....sem querer, descobri um belo texto.
Parabéns.
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