sábado, 13 de outubro de 2012

Encontro




Talvez eu tenha esquecido um pouco o que é o amor. Não que antes eu soubesse definir com todas as letras, frases ou palavras difíceis, mas em sentir eu sempre fui melhor.  Nunca o barrei, não precisei fingir a existência  e sou exagerada demais para oprimir o que ele insiste em me dizer.  

Passei algum tempo sozinha ou apenas tentando aprender a ser sozinha. Não a completa solidão, não aquela solidão que invade a alma, afasta os amigos e só te resta comer miojo sexta a noite brincando de trocar os canais da TV. Não conseguiria. Prefiro sair, conversar e beber.  O que eu tentei foi aprender a gostar de mim sem ter alguém dizendo que também gosta. Eu tentei acordar e não pensar em ninguém, mas pensar em mim e em como seria o meu dia. Tentei esvaziar, preocupar-me com outras coisas. Viajei, conheci muita gente, fiz muitos amigos, tive noites inesquecíveis e como diz a música, “Eu sei bem mais do que antes sobre mãos, bocas e perfumes”.

Eu não sei se consegui. Creio que não. Eu sei que queria muito não ser mais sozinha, talvez eu não sirva para isso, pois minha vida sempre tem um gosto melhor quando tenho alguém para dividir comigo. Acho doce, a paixão faz com que minha vida tenha mais cor e deixa meus pensamentos mais leves, sinto pulsar vida, sinto ter muito tempo pela frente, sinto motivos a mais, vontades maiores, o frio na barriga, a saudade. Sinto o amor chegando sem pedir permissão e sinto sim que “o mundo é bom, Sebastião”.

Não é quebra-cabeça, mas vai encaixando aos meus dias, vai ganhando forma, imagem e tomando espaço. É incontrolável. É como não ter freio. É um querer não estar sozinha nunca mais, pois parece não existir companhia melhor, cumplicidade maior. É rir das mesmas coisas, brincar com o corpo. Tenho a vontade de fazer parte do mundo de alguém.

E se no meu momento de ser sozinha aprendi com a solidão, agora tenho que aprender a viver a dois. O que parece ser mais fácil pelo meu gosto pela paixão e simpatia pelo amor, mas não digo que é. Quem entende o coração? E não digo que devo separar a solidão do a dois como se fossem distintos e opostos, é preciso saber ser os dois e combinar como se mistura as cores. É importante saber que ainda se é um, é importante saber ser um quando se está a dois, é importante ser dois quando se é um. É uma luta sem regras e a mim foi ensinado que o amor é a lei. E não adianta treinar golpes ou socos, não há roteiro. A maior arma é ter os movimentos espontâneos, sensíveis, ouvir bem e ter o dom da expressão. O toque é fundamental, assim como ter o coração aberto.

O que quero agora é o sossego do ombro, a delicadeza de quem amo e o afago no cabelo. O sentimento é de segurança e proteção. Felicidade. Quero estar junto agora e depois, porque meu sorriso é bonito quando ele diz e gosto de decorar cada gesto que só ele tem. Não ser mais sozinha. Que ele tenha mais espaço cada dia mais em mim, que faça de mim sua casa e abrigo, que nossos corpos juntos possa ser uma fortaleza. 

3 comentários:

Bela disse...

Lindinha! Como você escreve bem! Acho fantástico a sua maneira de despir a alma e pô-la em palavras. Lindo ver você amadurecer assim. Força e fé! A vida é bela! Beijos

Maíra K. disse...

Definitivamente, me acomodei. Não sei mais o que é estar com alguém. Triste.

renatocinema disse...

Sem querer, descobri seu site.....sem querer, descobri um belo texto.

Parabéns.

Aviso

As imagens usadas neste blog são retiradas do nosso amigo Google. Caso seja uma imagem sua, peço que me comunique, assim, colocarei os direitos. Obrigada. Peço sua compreensão.