domingo, 29 de julho de 2012

Sobre mim, sem um começo ou fim



Eu não gosto do meu nariz. Meu cabelo me dá um trabalho horroroso e eu não gosto das pontas duplas. Tenho implicado com meus dentes e com o tamanho do meu peito. Não gosto das minhas pernas fininhas, mas adoro sair de saia e meia fina. Não gosto das minhas olheiras, mas gosto dos meus olhos. Não gosto da minha barriga, mas adoro comer, vai ver esse é o problema. Eu gosto da minha bunda, posso falar? Ai falei, eu gosto da minha bunda. Eu gosto da minha boca, eu gosto de sair de batom vermelho e me sentir fatal. Eu não gosto de ficar calada, de me sentir de lado ou de sentir que não gostaram de mim. Eu gosto que gostem de mim, eu gosto de carinho, gosto de sorriso.

Não gosto de falar de mim, de desabafar, mas gosto de escrever sobre. Não gosto desse meu jeito de não ter preferências, de não ter cor preferida, música preferida, banda preferida. Não tenho, não gosto disso.  Não gosto de sofrer, de ser coitada, de ser cuidada quando estou doente. Não gosto de parecer fraca. Não gosto de chorar na frente dos outros. Eu sinto que preciso ir pra minha casa. Não gosto da minha altura, queria ser mais alta. Não gosto de usar salto, dói meu pé. Eu gosto do meu pé, adoro meu pé, acho lindo, da mão eu não gosto, mas gosto de passar esmalte novo toda semana.

Eu não gosto de ser tímida, e pode não parecer, mas eu sou. Eu não gosto de não saber lidar com homens, e eu não sei lidar. Não gosto de não saber conquistar, de não saber ser sexy, não gosto de achar que eu não sei ser sexy. Eu gosto de seduzir. Gosto de ser seduzida. Não gosto de elogios, ou gosto? Tenho medo deles, assustadores, fantasiosos. Gosto de me maquiar, gosto de blush, não gosto de sombra. Não gosto de arrogância, falsa inteligência. Gosto de ser engraçada, gosto de fazer rir, gosto de ser ouvida com atenção. Não gosto de não saber sobre política ou de não conhecer todas as bandas legais do mundo. Gosto de rock, não gosto de pagode, mas gosto de pop.

Gosto do meu curso, gosto da minha faculdade, gosto de jogar truco e gosto de cerveja. Gosto de beber e de ser acompanhada. Não gosto que falem para eu falar de mim, gosto de falar naturalmente, aos poucos, quero que percebam, gosto de ser muitas e não uma. Não gosto de brigar ou apontar verdades, gostaria de ser mais paciente. Paciente com as pessoas, paciente com a vida. Não gosto de forma alguma que me digam o que eu tenho que fazer. Não gosto de depender de alguém, não gosto de esperar. Não gosto que gritem, não gosto de me sentir sem saída ou resposta, não gosto de me sentir burra, não me subestime. 

Não gosto quando o cara diz que vai ligar e não liga, gosto de receber mensagem no celular, eu gosto de ouvir música no ônibus. Gosto de sentar no banco da frente do carro e odeio ir no meio. Gosto de homem grande, mas homem forte não.  Não gosto de não saber o que falar ou não saber o que responder. Nem sempre faço sentido, nem sempre sou clara. 

3 comentários:

! Marcelo Cândido ! disse...

Cada um com seu gosto
!!!

Giuliano M. disse...

Gostei do seu texto, acho que nunca me analisei assim, de pensar tantos das coisas que eu gosto ou nao...

Uma coisa que eu faço muito é questionar meus defeitos e a vida... isso eu faço o tempo todo. Queria que muitas coisas fossem diferentes, mesmo que nao mudasse mt no fim das contas.

Maíra K. disse...

Para que sempre fazer sentido, sempre ser clara, gostar de coisas específicas? Melhor é sempre mudar, sempre está diferente. Ser várias pessoas em uma só. Melhor é ter o que ser decifrado! =)

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