Quero

Eu quero uma voz mansa no ouvido, quero uma voz grossa no pescoço. Quero a mão quente segurando minha cintura, a barba que arranha na nuca e o corpo inteiro. A língua molhada, o beijo que tira o ar, que faça perder a voz, que bagunce o meu cabelo e que eu perca a vontade de deixar a roupa arrumada.  O arrepio que vem do corpo junto ao meu, o querer mais que aperta, que invade, escurece.

Quero a mão entrelaçada a minha, um olhar derramado sobre o meu. Quero aqueles assuntos bobos, as risadas fáceis e o olhar pro teto como quem planeja a vida em uma semana, em um mês. O abraço quente de um corpo que parece sempre pronto. Quero os segredos, as conversas feitas apenas para dois e os sorrisos que parecem contar a vida e o querer.

Quero as palavras que já existiam, mas que tomam um significado diferente, com jeito de cumplicidade, jeito de amizade ou apenas aquele jeito leve que o amor tem.  Quero a saudade de um dia, a lembrança em cada esquina, em cada objeto do quarto, em cada movimento do corpo. Quero as manias, a toalha molhada que vamos dividir e quero encostar a cabeça no ombro forte. Quero as mãos que irão afagar meus cabelos sem que eu peça, a mesma mão que até de olhos fechados, conhecerá todo o meu rosto em pequenos gestos, todo o meu corpo em longos toques.

Se disser eu te amo, que seja pela simplicidade, pelo silêncio de quando os olhos se encontram e como se fosse um soluço de onde as palavras surgem, natural como se fosse um suspiro.