"Sente o perfume de uma
flor no lixo e fuxica"
Já
li muitas vezes por aí que a gente não para de se conhecer e muitas vezes eu
tentei colocar em letras exatas o que sou. Disse com firmeza e certo
narcisismo, disse olhando para mim em momentos de cegueira em relação aos
outros e disse totalmente autoritária o que eu era e o que eu não era,
apontando desenfreadamente os erros dos outros, que nasceram aqui no meu umbigo
– que nasceram no umbigo do meu coração e criaram raízes dentro de mim, e que
por favor, precisam ser cortadas ou retiradas a força. Antes que eu me machuque
mais ou machuque mais alguém.
Eu
gostaria de engolir certas palavras e sentimentos que insistem em partir e
fazer buracos por aí. Eu deveria aprender a guardar certas coisas que se passam
na minha cabeça, sinto que se eu guardasse por mais tempo eu poderia elaborar
mais o sentimento que quer escapulir e me deixar um bocado mais fraca. Eu perco
a chance de ficar calada, eu perco a chance de segurar e ser mais segura. Não,
não quero segurar ninguém e nem a mim, quero ser segura e não seguradora. Eu
quero dar a chance de liberdade sem ter que me prender ou enlouquecer por
fingir ser livre. Eu não sei lidar com a liberdade e faço bagunça, faço
baderna, faço vandalismo com o sentimento de quem mais amo. Há no mundo quem
queira ser vândalo e salvar, e exceder o que está moralmente aceito e quem sou
eu pra dizer 'não vá e fique aqui comigo
olhando o que acontece porque eu sou medrosa'. Vandalismo cometo eu ao me
calar. Acabo ferindo a mim e a quem sabe viver a liberdade de amar a si, amar o
próximo, amar a mim.
Nesses
meus dizeres desenfreados eu pensava que entendia de amor. Entendi que não sei
de amor e nem sei fingir que dele sei. Meus princípios estavam errados ou no
mínimo eu não soube conviver com a realidade deles e meti os pés pelas mãos,
fazendo tudo ao contrário, sendo tudo o que eu sempre critiquei, fazendo as
coisas que sempre torci o nariz. Eu me esqueço que "o amor na prática é sempre ao contrário". Descobri que eu sou
ótima para entender meus erros, principalmente depois de cometê-los, sei até
explicá-los, assim do meu modo torto e agindo de modo mais torto ainda. Você
não imagina o meu susto quando percebi que não sabia o que era o amor, você não
viu a minha cara de babaca e a culpa que se instalou aqui. A minha vontade é de
chorar toda a porcentagem de água que existe em mim, a vontade é de secar tudo,
acabar em lágrimas e quem sabe conseguir preencher-me novamente com água da
boa, água que entende de amor.
Talvez
daqui algum tempo eu saiba até falar sobre segurança. Talvez eu saiba escrever
sobre liberdade, talvez eu pare de falar sobre o amor – eu deveria. É que eu
ando errando tão feio, eu ando errando tanto. Eu tenho acordado com vergonha
dos machucados que consegui por aí. Venho exigindo dos outros coisas que nem eu
mesma tenho, eu ando limitando o meu nós. Meus artigos de luxo devem ser reconsiderados
porque eu tenho exagerado o que não se deve exagerar, eu tenho beirado o
delírio. Vou torcer para que eu aprenda mais sobre mim e sobre amar. Vou
desejar agora que eu ame, com todas as bondades do amor.
Ai Cazuza, me ensina.