quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quando eu não pude ajudar


Era uma vez uma mulher. Não era uma mulher diferente, ela era exatamente igual a todas as outras, com os mesmos defeitos de toda mulher, mesmos sonhos, as mesmas vontades, o mesmo coração mole. Porque algumas fingem possuir um coração duro e resistente. Pode até ser. Duro feito gelo, gelo que derrete aos poucos e vira água. Água líquida, bem mole, dessas que a gente bebe.

Ela sonhava com um amor de filme. Beijo na chuva, beijo na banheira cheia de espuma, beijo com vinho caro, beijo com vestido vermelho, beijo com o cara do sorriso mais lindo do mundo inteiro, beijo no mar. Beijo. E ela até tinha um namorado, mas não era O Namorado. A gente vive sonhando com O Namorado. O Namorado que entende, O Namorado que abraça, O Namorado que tem ciúme na medida certa, O Namorado mais que apaixonado, O Namorado que manda flores, O Namorado que faz surpresa todos os dias. A verdade era que o dela era bem comum. Talvez comum até demais. E ela se decepcionava. Esperava o mundo vindo dos olhos do rapaz, mas o que recebia era uma noite numa pizzaria. Incrível a maneira que ela se arrumava para ele. Ela o amava e não importava o resto. E era isso que os outros pensavam que ele deixava para ela: o resto.

Eu percebi que o maior sonho daquela mulher era ser especial para aquele cara. Eu nunca tive uma conversa com ele, quer dizer, nada além de nossas conversas sobre bebidas e datas de aniversário. Ele não era romântico, não mesmo. Usava o trabalho como desculpa de tudo, e eu não duvidava do amor que ele dizia ter pela profissão, mas ainda assim me perguntava o que ele fazia com o amor que aquela moça oferecia para ele de forma tão humilde. Ela faria de tudo e mais um pouco.

Várias vezes eu a surpreendi lendo revistas, lendo e-mails, todos com o título de “Como conquistar o seu homem de vez”, “O que falta no seu relacionamento”, “O que os signos têm para te dizer” ou até mesmo “O seu sexo pode ser o problema”. Ela realmente achava que o problema era com ela. Particularmente, eu dizia que o problema era com ele, o problema era todo dele. Mas sempre achamos que o problema é nosso. Porque se ele tem outra, achamos que não fizemos algo que deveria ser feito. “Talvez eu não tenha dado tudo que deveria dar...

Eu fiquei com pena. Fiquei com pena de um dia perguntar como estava o relacionamento e ela responder que estava firme, fiquei com pena de uma semana depois perguntar a mesma coisa e ela dizer que havia acabado e fiquei com mais pena porque depois de três dias eu perguntei de novo e ela disse que eles estavam bem e assim seguia, um voltaetermina sem fim.

Pensando bem ela não era uma mulher comum. Pensando bem o coração dela não era de pedra, nem de gelo e nem era mole feito gelatina. O coração estava parado, ou se batia era de forma devagar e apertada. As escolhas não existiam mais, o amor não existia mais. Sabe-se lá o que existia. E eu gritei, gritei. Ei Acorda! Gritei mesmo. Ela não me ouviu. O que eu poderia fazer? Ninguém poderia arrancar daquela mulher tudo o que ela mesma construiu e resolveu chamar de sentimentos.

10 comentários:

. disse...

Interessante sua colocação sobre a tal mulher...
isto visto de fora ou de dentro?


abraço

Luna Sanchez disse...

Nossa capacidade de criação, de idealização, pode ser nosso paraíso e inferno. Geralmente é um e outro, ao mesmo tempo.

A gente se acomoda, se adapta, se conforma com o que é mais ou menos. Claro que sair por aí tentando mudar as pessoas, não é uma boa opção, mas procurar situações que atendam de forma mais eficaz às nossas expectativas, essa é.

Mas e o medo, né, Nara? E a insegurança, a preguiça, até...o que se faz com tudo isso?

Ai, que complicado...

Beijos de sexta. Não brigue muito com o dia de amanhã, hein? ;)

ℓυηα

Paulo Tamburro disse...

NARA MURTA,mais uma mineira perto de mim. E isto é muito bom.

Gosto do seu jeito de escrever, simples, prende o leitor, a narrativa é bem explicitada, e nada melhor que o tema amor para despertar legiões de interessados.

Sabe, Nara,qual a fórmula para manter-se um amor ou e ser feliz com ele?

Não conheço,e acho que esta é a razão do amor , no caso específico entre um homem e uma mulher, ser o melhor a que um ser humano possa se dedicar.

É imprevisível, nos desafia a cada dia e quando acaba, foi bom enquanto durou, pois afinal a fila anda.

Fico honrada em tê-la no meu blog.

Um abração carioca!

Cibelle disse...

Adorei sua maneira de escrever... Obrigada pela visita! Nem sempre eu sou assim tão rabugenta, rsrsrs... mas é que eu tenho um "plin" com celulares... Vou te acompanhar... Beijos!

Unknown disse...

Ás vezes a gente se esquece que o a culpa de um relacionamento ir em frente ou não, é culpa de dois. Já que são duas pessoas, se amando, brigando, se respeitando ou não.

O dificil é entender isso, e perceber que a culpa muitas vezes NÃO é só nossa...

Amei o texto amiguinha. Me vi na parte do" coração de gelo que derrete e vira água". Não que eu me faça de durona, mas que ás vezes parecer forte diante das pessoas, faz com que a gente se proteja. Parece que fica mais fácil passar pela tristeza.

Bjus

Carol disse...

Nossa amigaa vc tava inspirada hiem.
QUe belo texto!!
E sobre ser minha clone, será???
Não sei, mas eu tbm tomei açai no final de semana!!!!rs

bjO fofa.
Carol

Ricardo Siqueira disse...

Bolas, se ela era feliz assim...

de resto, muito bem escrito!

Luna Sanchez disse...

Nara, flor...

estou precisando falar contigo. Me envia um e-mail?

luna_guriagaucha@hotmail.com

Na espera...

Beijo,

ℓυηα

Carol disse...

oii minha clonizinha mais lindaaa!!! rs
Flor, obrigada pelas palavras!
Que Deus dê mesmo muita saúde para o meu bebê. Isso é só o que quero!
E agora vcvai ser titia!!!! \o/
bjO Grande Carol e Bebê ;)

MissUniversoPróprio disse...

Nossa, que coisa linda! Triste, porém lindo esse texto. Mexe com o que lateja, lá dentro da gente.

Beijos, e seja, mais uma vez, bem-vinda ao nosso Céu! ;)

Aviso

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